quinta-feira, 21 de agosto de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 6.4 - O EGITO - HERMES TRISMEGISTO

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

6.4
O EGITO
HERMES TRISMEGISTO

Não é possível precisar exatamente a data dos livros de Hermes Trismegisto (três vezes mestre, soberano, pontífice e legislador). Contém ensinamentos de Thot, o Hermes egípcio (a ser comprovado), que somos conduzidos a considerar como o nome coletivo de um grupo de altos iniciados ou como o símbolo da iniciação.
Nos primeiros séculos da era cristã, ele é citado nas numerosas obras de filosofia religiosa. A sua obra foi vista na Grécia ou em Alexandria, que era, neste momento , um centro intelectual de um clarão prodigioso e onde se reencontram os sábios hebraístas com os mais eruditos helenistas do século. A escola de Alexandria produziu esta floração esotérica sobre a qual voltaremos quando tratarmos de esoterismo cristão ou gnosticismo.
Os livros de Hermes são muito anteriores a este período.
Foi sua doutrina que inspirou toda a iniciação mediterrânea; são a ela que devemos os mistérios de Orfeu, os ensinamentos de Pitágoras, os diálogos de Platão.
Os três livros que chegaram ao nosso conhecimento são: o Poemander ou Pimandro e com ele Asclepios ou o Discurso de Iniciação e a Tábua de Esmeralda, um dos textos primordiais das iniciações ocultas, e muitas vezes comentado.
No Pimandro, Hermes ainda discípulo, recebe os ensinamentos de Pimandro, que é a consciência superior, diretora do homem, quando ele se coloca sob as ordens da inteligência soberana ou divina, da qual todos os universos não são mais que uma fraca imagem.
O que ensina a seu discípulo esta inteligência suprema?
Primeiramente a abrir os olhos ao espetáculo do mundo criado, do qual cada ser é a imagem de uma realidade superior, adquirir a ciência, dominar as paixões, defender-se da ignorância, não ser escravo dos seus sentidos.
“Antes de tudo, é preciso rasgar esta roupa que trazes, esta vestimenta da ignorância, princípio da maldade, cadeia de corrupção, morto-vivo, cadáver sensível, inimigo do amor, ciumento no ódio, túmulo que conduzes contigo, ladrão doméstico. Tal é a vestimenta inimiga de que estás revestido, atraindo-te, temendo que o espetáculo da verdade e do bem te façam odiar a sua maldade, descobrir os embustes com que te rodeia, obscurecendo-te o que parece claro, mergulhando-te na matéria, enervando-te em volúpias infames, a fim de que não possas entender o que deves entender e ver o que deve ver”.
O adepto deve revelar o que aprendeu àqueles que têm sofrido as mesmas experiências, sendo estes preceitos dado por Hermes a seu filho Tat, iniciado pelo seu pai, seu mestre, de seu superior na vida iniciática. Hermes mostra a seu filho, quais são as doze falhas, das quais ele se deve desfazer antes de empreender qualquer obra iniciática, assim como se prepara a casa antes de se receber os hóspedes divinos; a ignorância, a tristeza, a intemperança, a concupiscência, a injustiça, a avareza, o erro, a inveja, a malícia, a cólera, a temeridade, a maldade.
São doze e têm sob as suas ordens um número maior ainda.
Para tornar-se iniciado, o primeiro passo a evitar é a ignorância. O primeiro dever é Conhecer-se, ver o lugar que o homem ocupa na Natureza e as relações de seu ser com os mundos superiores.
O silêncio é a força do iniciado e é uma grande ciência esta concentração em que a alma se recolhe para receber as iluminações mais altas e se elevar até Deus sobre as asas da inspiração.
No Asclepios, encontramos outras palavras igualmente iniciáticas. É o Discurso da Iniciação de Hermes ao seu discípulo Asclepios.
Hermes inicia o futuro curador que corresponde a Esculápio, ao Deus da medicina, e lhe demonstra que apesar da multiplicidade de suas manifestações e de suas imagens na teogonia egípcia, não existe senão um só Deus e que só ele tem direito à nossa adoração e às nossas homenagens. Este Deus é, assim, como já vimos Amon-Ra (Amon, oculto; Ra, o sol), a luz secreta, a força universal que não poderia ser revelada a todos sem preparação.
É preciso pôr-se em harmonia com esta força para vir a ser capaz de fixa-la.
O grande iniciado do Egito oferece todo o conjunto a seu discípulo, os meios de tornar-se evolucionado, as satisfações que ele gozará na realização desta obra e o fim que pode atingir.
Nesta fraternidade, todos os seres são nossos irmãos; eles são nós mesmos e nós somos eles, não existe mais interesse particular, não existe mais, em absoluto, vida particular.
Para o egípcio, todos os seres, por diversos caminhos, tendem ao mesmo fim; tornar-se um Osíris, isto é, um Deus, uma parcela consciente e divina do Todo divino, toda criatura evoluciona, toda criatura se aperfeiçoa.
Hermes Trismegisto, o possuidor da ciência do antigo Egito diz: “Feliz o que, à sua entrada no mundo subterrâneo, puder dizer a seu coração, conforme a antiga fórmula do Livro dos Mortos. Ó meu coração, não me acuseis perante o Deus do julgamento. Eu não matei nem traí. Não persegui viúvas; nem roubei o leite às criancinhas. Não provoquei lágrimas; não menti diante de nenhum tribunal; não obriguei os trabalhadores a fazer mais do que poderiam; não fui negligente nem preguiçoso; não maltratei o escravo no espírito do mestre; não defraudei a ninguém; não viciei as medidas nem ultrapassei os limites dos meus campos; conciliei-me com Deus, pelo amor, dei pão ao faminto, água ao sedento, roupas aos nus, condução ao que não podia prosseguir sua viagem”.
Todos procuram, adquirem ou adquirirão poderes. Todos desenvolverão a acuidade de suas sensações. Todos realizarão em um tempo mais ou menos longo e atingirão as esferas que vemos abrir diante dos nossos olhos encantados.
Dia virá em que todos nós seremos iguais na presença absorvente de Deus.
É, pois, inútil ver, em um estado superior, outra coisa além dos cargos e das responsabilidades, por vezes bem pesadas.
Apressemos esse ciclo pela reflexão, pela meditação e pelo trabalho, mas não tenhamos ódio nem cólera, nada senão uma profunda e terna piedade para aqueles que agravam seu fardo e perseguem quimeras que os impedem de conhecer a senda do verdadeiro Bem.
Fora desta moral, os iniciados que formavam a classe sacerdotal possuíam conhecimentos muito extensos em todos os domínios científicos.
Todos deviam conhecer e penetrar os ensinamentos de Hermes, mas suas funções lhes eram distribuídas segundo suas capacidades particulares e, nas cerimônias, eles formavam longos cortejos onde cada personagem tinha uma função precisa, revelada por insígnias especiais de conformidade com seu grau de iniciação e com os ritos que ele tinha a missão de praticar.

A TÁBUA DE ESMERALDA
É verdade, sem engano, certo e muito verdadeiro:
O que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que esta embaixo; por tais coisas se fazem milagres de uma coisa só.
Assim como todas são e procedem do Uno, pela meditação do Uno, assim todas as coisas nasceram desta única, por adaptação.
O Sol é seu pai, a Lua sua mãe. O Vento trouxe-a em seu ventre. A Terra o alimenta e é seu receptáculo.
O Pai de tudo, o Telesma universal, está aqui.
A sua força permanece inteira quando se converte em terra.
Separarás a terra do fogo, o sutil do espesso, suavemente, com grande habilidade.
Sobe da Terra ao Céu e desce novamente à Terra e recebe a força das coisas superiores e das coisas inferiores.
Por este meio obterás a glória do mundo e toda obscuridade se afastará de ti.
È a força de toda força, pois vencerá toda coisa sutil e penetrará toda coisa sólida.
Assim o mundo foi criado; disso sairão adaptações admiráveis cujo meio é dado aqui.
Por isso me chamam Hermes Trismesgisto, porque possuo as três partes da sabedoria do mundo inteiro.

Site maçônico: (www.pedroneves.recantodasletras.com.br)

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