segunda-feira, 8 de setembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.1 - A GRÉCIA

6.7
A GRÉCIA

Na Grécia, como na China, Índias e no Egito, encontramos uma iniciação que estabeleceu, à margem da religião oficial, um ensinamento esotérico, reservado a uma elite e que não era concedida ao adepto senão após certas experiências que asseguravam a sua constância e a idéia que se poderia fazer sobre a sua boa fé e o seu caráter.
Os ensinamentos helênicos são enfeitados de uma mitologia deliciosa que parece afastar as idéias sérias, o que pode ter de lento em um ensinamento recusado a profanos.
Como nas Índias e no Egito o número de deuses e de semideuses é quase infinito, porém nunca os deuses tiveram a forma e o pensamento mais humano, nunca foram misturados à vida do homem com uma tão doce e tão fraternal familiaridade.
Nas grandes epopéias, os deuses não ficam sobre o seu Olimpo, mas lutam ao lado do seu herói favorito.
Mas, toda esta graça e esta poesia não ocultam senão um esoterismo poderoso, e achamos na Grécia três ciclos iniciáticos colocados sob o nome de três ilustres iniciados: os mistérios de Dionísio, que vêm da Trácia e que são atribuídos a Pitágoras, porém cuja severa doutrina tenta fazer reviver a austeridade Doria: ; os mistérios de Eleusis, de que Platão é a flor ofuscante, porém que nasceram muito antes dele em honra à maternal Demeter.
Certamente, a maioria destes mistérios era tirada de Isis e de Osíris, que vimos no Egito, ainda que se encontre uma parte do gênio pessoal, vindo do sentimento da raça e das lembranças de uma antiga religião autócene; mas para quem sabe ler e escrever, pode ver através dos símbolos e das palavras floreadas e sonoras do poeta, uma mesma idéia, um mesmo pensamento iniciático levou o pensamento do mundo a todos os países, todas as raças, a todos os tempos, com fracas modificações, que provêm dos costumes, certamente mais mutáveis do que as idéias primordiais da humanidade.
Os mistérios gregos decorrem dos mistérios egípcios, isso é inegável; porém, como as coisas são apresentadas diferentemente pelas duas raças tão dessemelhantes!
No Egito, a iniciação toma o aspecto terrível que não é fácil de abordar e de que não teria logo tendência a se afastar, se o desejo da alta ciência não fosse daqueles que fazem bravura de todas as experiências.
Estas experiências, nos santuários do Egito, tornavam o acesso de iniciação quase impossível. A ascese imposta era de uma severidade temível. Tudo era feito para inspirar o terror e afastar o noviço.
Na Grécia, tudo era diferente. Certamente, não se tinha o acesso aos mistérios por uma simples pergunta, e precisava mostrar antes qualidades de força de alma e resistência física.
Mas, uma vez obtido este resultado, o terror, que nunca tinha existido, desaparecia inteiramente. Todos os poetas gregos que foram iniciados – sobretudo nos mistérios de Eleusis – falam de sua iniciação e de suas festas secretas como da maior alegria da vida. Seu coro de Bem-aventurados nas Rãs de Aristófanes mostra o que era esta alegria.
E os próprios ensinamentos eram enfeitados de todas as graças de arte e entusiasmo. Tudo não era senão festas e jogos no país da beleza. Portanto, os ensinamentos eram os mesmos. Como a iniciação egípcia, o Templo de Delfos ordenava ao adepto a Conhecer-se a si mesmo.
Os mistérios de Orfeu e de Demeter faziam conhecer a certeza das vidas sucessivas e a ascensão do ser que, de luta em luta, chegava a uma pureza cada vez mais perfeita e juntava o grupo dos Olimpos sobre os cumes coroados de sol. Porque a Grécia superabundava de heróis divinizados pelas grandes ações. A barreira entre o céu e a terra não foi franqueada nunca. Mas, antes de poder encarar estas vastas esperanças, é preciso conhecer Deus, compenetra-se de sua grandeza e de sua justiça, ver no Todo Poderoso a imagem da Ordem divinizada.
E este conhecimento de Deus, ordenador da matéria conduzia muito naturalmente ao conhecimento de Deus, sem o qual não poderia haver ordem perfeita.
Na Grécia, país da luz, a lógica é soberana e, ainda que coroado de todas as flores da ficção, ela não se deixa levar pelo perfume delicioso.
Examinaremos sucessivamente o lado exotérico e o lado esotérico. Eles são diferentes, certamente, porém, não muito afastados.

Site maçônico (www.pedroneves.recantodasletras.com.br)

2 comentários:

anatolio pereverzieff disse...

Simplesmente maravilhoso. Conteúdo excelente. Fácil interpretação, sem os neologismos de muitos autores. Fidelidade ao tema, me parece, é este apresentado. Quem gosta de estudar a maçonaria em seus recônditos está sendo aquinhoado com estas belas peças de architetura. anatoliopereverzieff

anatolio pereverzieff disse...

Simplesmente maravilhoso. Conteúdo excelente. Fácil interpretação, sem os neologismos de muitos autores. Fidelidade ao tema, me parece, é este apresentado. Quem gosta de estudar a maçonaria em seus recônditos está sendo aquinhoado com estas belas peças de architetura. anatoliopereverzieff