segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.14 - A GRÉCIA - OS MISTÉRIOS DE ELEUSIS - 2ª PARTE

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.14
A GRÉCIA
OS MISTÉRIOS DE ELEUSIS
2ª PARTE

No dia 20, começavam as santas vigílias ou noites místicas. Efetivamente como em todos os mistérios femininos, a noite era preferida ao dia como possuidora de qualquer coisa temível e misteriosa.
As cerimônias eram efetuadas. Um sacrifício solene era oferecido a Demeter; havia a transmissão de símbolos, a explicação de todos os mitos e emblemas.
Em seguida, procedia-se a visita aos infernos, reconstituições teatrais da lenda de Demeter e Perséfone, tal como nós a encontramos nos hinos homéricos. Os iniciados aos Grandes mistérios deviam dar a sua palavra de passe.
Baseados em Clemente de Alexandria, esta fórmula de passe era:
“Jejuei; tomei cyceon (beberagem mística); tomei a cista (cesta contendo objetos conhecidos somente pelos iniciados) e depois de ter tomado a cista, depositei-a no calathos (açafate sagrado); retomei calathos e repu-lo na cista”
como em todas as iniciações, achamos a visita aos Infernos em Eleusis; a iniciação era uma simulação de morte e acessão a uma nova vida, era que todo aquele que passasse estas provas se achasse como um verdadeiro morto, preso ao julgamento que todo homem espera à saída deste mundo.
Eis porque precisaria descer aos Infernos e visitar também os Campos Elísios. Acredita-se que, para esta visita aos Infernos, os sacerdotes tinham feito um Templo subterrâneo onde se organizava uma espécie de representação teatral. Sobre esta cena, que se imagina de grandes proporções, representava-se, tão realmente quanto possível, as peregrinações da alma no que se imagina ser a realidade no reino de Hades.
Nas tenebrosas galerias, cujas paredes se interrompiam aqui e ali para exibição, sob uma luz sinistra, ora do trono e da corte de Hades, ora dos suplícios dos criminosos condenados à expiação no tártaro.
Em um quadro especialmente preparado se reconstituiu a lenda seguinte:
A jovem Perséfone brincava com as ninfas, em uma deliciosa manhã de primavera, perto da Sicília, não longe do rio Eridan, que desce para os Infernos, e reparou, próximo, um corredor subterrâneo de uma certa extensão. A moça viu subitamente abrir-se a seus pés uma flor miraculosa, uma flor como ainda não vira: o narciso, símbolo da criança, da criação pessoal, do desejo de existir por si mesmo e por suas próprias forças.
Quis colher a flor odorante, mas, apenas a tocou, rugiu o trovão, abriu-se a terra e o Deus do Infernos, que havia armado aquela cilada, apareceu e raptou a imprudente em um carro conduzido por fogosos cavalos negros.
Ela está nos Infernos! Mas a mãe, Demeter, não sabe das desgraça que feriu a filha. Zeus, fica surdo às lamentações de Perséfone. Permitiu este rapto porque nenhuma deusa quis partilhar das honras sinistras, do trono e do tálamo de Hades.
Uma indiscrição simulada indica à deusa qual o Deus possuidor de Perséfone; ela corre aos pés de Zeus, e ele, que preveniu se irmão, diz que a filha lhe será restituída, se ela não comeu nada do reino de Plutão. Hades fez sua esposa comer algumas sementes de romã, a árvore de mil sementes, que representa a fecundidade.
Ela está unida ao Deus para sempre. Mas, para que os homens e os deuses pudessem viver, Perséfone passaria o verão sobre a terra, e durante o tempo das geadas, ficaria em companhia de Plutão.
Tal é o mito, e podemos ver a história da vegetação do grão de trigo que deve morrer para renascer.
Mas, há aqui mais ainda, e é a lenda de todas as quedas, de todos os pecados originais que encontramos nestes mitos.
A virgem foi tentada pela existência pessoal – para mulher é a maternidade – deu entrada a toda potência inferior; é o ponto de partida necessário de involução para que a evolução se proceda.
Quando a alma desce à matéria tudo para ela é pesado e sinistro; deve viver nos pesos e nas faltas, ao passo que os esplendores ideais parecem causar-lhe saudades. A piedade divina poderá resgata-la? Certamente, mas é preciso que a alma seja digna de tal resgate, que não tenha tomado um gosto especial pelo seu rebaixamento.
Perséfone comeu as sementes de romã, e isso constitui a sua perda. Era preciso, pois, que a alma reconquistasse, penosamente, o que lhe havia sido dado com toda a plenitude.
Essa alma virá a ser luz. Mas, durante longos estágios, deverá viver na matéria, conduzir o fardo de seu corpo.
É a punição de sua falta.
Feliz a alma que, semelhante à jovem Perséfone, empregar a sua passagem sobre a terra em levar flores e frutas a tudo o que a rodeia; feliz quem, semelhante à Demeter, empregar o tempo de suas dores, socorrendo o seu aflitivo desespero, procurando divinizar o homem, purificá-lo de todas as suas faltas; feliz quem, mãe de todas as suas piedades, se serve de suas lágrimas como uma onda lustral para tornar a humanidade mais digna de visitar o trono dos deuses.
Para aqueles que tinham penetrado nesta verdade, a iniciação – que vencia a lei dos renascimentos – vinha a ser suprema. O iniciado tomava consciência da grandeza de sua felicidade.
È o que Plutarco ajunta nestes termos:
“É então, que o homem vem a ser perfeito pela sua nova iniciação, posto em liberdade, verdadeiramente senhor de si mesmo, conversa com as almas justas e puras, e vê com desprezo a fileira impura dos profanos e dos não iniciados, mergulhados na lama e nas trevas espessas.
Porfírio, diz: “Mas, a última palavra foi pronunciada: Konx Om Pax. O rito está terminado, somos Videntes para sempre”.
A iniciação, pois, leva ao desenvolvimento das faculdades supra normais e o novo adepto se acha embaraçado nos véus da carne que impedem a clarividência do espírito.
No que concerne ao drama místico, possuímos ainda menos luzes.
Efetivamente, mesmo desde este mundo, o iniciado conhecia a alegria. Podia ser atingido pelos males, mas não era afetado por eles.
Sua verdadeira vida não está na vida material; seu desejo e sua esperança estão além; ele sabe com tanto maior certeza quanto o seu desejo é acumulado e a sua esperança realizada.
A terra, que é o fim daquele que não conhece a verdadeira vida, não é para ele senão um lugar de passagem e este lugar está enfeitado para ele de todas as belezas de um simbolismo que lhe mostra o absoluto em todas as criaturas, mesmo as mais ínfimas.
Seus males pessoais não o tocam; ele bem sabe que tais males são necessários para o pagamento de seu carma; e, quanto aos males dos outros, eles se inspiram em uma dolorosa piedade; sabe socorre-los, cura-los e as sua forças são uma fonte onde todos podem desalterar-se.
Também não conhece nem tristeza nem desânimo.

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